terça-feira, abril 06, 2004

O Bloco nas Docas

Acho que o chamado movimento anti-globalização tem imensas virtudes: na forma como se mobiliza, nas múltiplas agendas que defende, pelo facto de não
se basear numa forma-partido e muito menos numa Internacional, e pelo próprio facto de ser global. Mas acho que chamar-lhe "movimento dos
movimentos" cheira a messianismo político. Cheira a vontade desesperada de encontrar um "sujeito da História" por parte de quem viu desaparecer o
"proletariado" ou a adaptação suavizante desta expressão a "trabalhadores", incluindo todo o tipo de assalariados. Rigorosamente nada no movimento
anti-globalização indica que ele revele ou constitua um "sujeito histórico".
Pior ainda quando o tal sujeito é entrevisto como sendo a "multitude", palavra cujo conteúdo é em si mesmo assustador. Mas se existe um "sujeito",
deve existir uma acção.
(...)

Refiro-me, agora, à Festa do Bloco. Achei o local feio e desagradável. Um armazém recente no Porto de Lisboa não é de todo a mesma coisa que um velho armazém abandonado onde se possa fazer uma instalação pós-moderna em cenário de arqueologia industrial. É, simplesmente, um sítio feio e escuro. Toda a estética jovem, fresca, moderna e inovadora que o Bloco já teve evaporou-se ali como por magia. Simplesmente assustador. Tão assustador como a frase "a revolução ainda é uma criançaa", totalmente descontextualizada para as gerações mais jovens, tão assustador como a linha gráfica e publicitária recente (o que é que está a acontecer ao Bloco neste campo?!). E isto não é a opinião de quem esteja a passar por "aburguesamentos" ou "desvios de direita". É a opinião de quem está a passar por questionamentos radicais e que, por isso, se assusta a ver o Bloco regredir ideologicamente.


Continue a ler este post de MVA.

Só os cartazes da festa do Bloco davam logo vontade de fugir.... um bébé de punho erguido??? digno de um qualquer ministério da propaganda de um dos países do pacto de Varsóvia....

Sem comentários: