Miguel Sousa Tavares
Não alcanço a diferença entre o terrorismo do xeque Yassin, chefe de um bando de assassinos, e Ariel Sharon, que o mandou assassinar, em nome de um terrorismo de Estado praticado às claras e assumidamente. É certo que, quando pratica os seus "assassinatos selectivos", os seus bombardeamentos sobre campos de refugiados civis ou a destruição das casas das famílias dos suspeitos, Israel está a exercer um direito de autodefesa, o direito de viver em fronteiras seguras, dentro do seu próprio Estado. Mas aí é que reside o problema: Israel tem um Estado e fronteiras e os palestinianos não. E, antes de Israel ter construído o seu Estado e alargado as suas fronteiras roubando uma hipótese de Estado aos palestinianos, eram eles os terroristas e estes os legítimos ocupantes da Palestina inteira. E quando todos os dias continua a avançar o muro que Israel constrói, invadindo território várias vezes reconhecido internacionalmente como não lhe pertencendo, separando aldeias e vilas palestinianas, tornando inviável, não apenas um Estado palestiniano, mas a sua própria sobrevivência económica, sabe que está a cometer um acto de guerra a que o seu inimigo só pode responder com a arma do desespero e do terror.
(...) Há, pois, outro caminho. E esse caminho não é ir ao Afeganistão convidar Bin Laden a sair da gruta e vir negociar a Genebra. Não é disso que se trata, quando se fala em negociações. Trata-se de desarmar a popularidade de Bin Laden no mundo muçulmano, de desarmar politicamente o terrorismo islâmico. Como? Dando passos concretos para ir ao encontro das legítimas reivindicações dos palestinianos. Fazer-lhes justiça e exigir depois a contrapartida. Israel é a chave do problema. Desde sempre. Se isso tivesse sido feito há dez, há vinte anos atrás, muitas tragédias teriam sido evitadas e não teríamos chegado a este ponto. Mas mais vale tentar agora do que nunca. Porque a alternativa é continuarmos reféns do terrorismo islâmico porque os Estados Unidos são reféns de Israel.
Leia o artigo completo, que vale mesmo muito a pena
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