O gestor político da TAP, comissário Cardoso e Cunha, não pára com o chorrilho de burrices que o carateriza. (A designação "comissário", como se sabe, é em lembrança aos comissários do Estaline, que eram assim a modos que olhos e ouvidos do ditador nas empresas, com estreitas ligações à Tcheka, a temível polícia política formada, em devido tempo, pelos ferozes Trotski e Dzerjinski. A designação foi, apropriadamente, reciclada pela Comissão Europeia e pelo PSD). Como administrador da TAP, isto é, como gestor político da dita, isto é, como comissário do governo junto dela, isto é, como "boy", vem agora dizer que a sua empresa, a empresa que ele "administra", não pode ter tido lucro ou, se o teve, foi devido a manipulações financeiras (estilo Manuela Ferreira Leite, não sei se estais a ver). Temos assim a notabilidade de um gestor de empresa que diz ser impossível que a sua empresa tenha dado lucro.
Claramente e como toda a gente sabe, o problema é que o comissário está podre de inveja e raiva pelos verdadeiros administradores da TAP, os que não são comissários, os que não são boys, que são gestores profissionais especializados em aviação, que ganham um balúrdio e mandam naquilo como muito bem sabem. O comissário acha inadmissível que uma empresa estatal seja gerida por gestores profissionais, e nao apenas por boys e comissários. O comissário quer varrer dali para fora com os gestores profissionais e, segundo ouvi dizer esta manhã na rádio, está a bom caminho para coseguir atingir os seus fins. Voltaremos então aos belos tempos do Joãozinho Crava, em que a TAP era administrada por uns cromos que já tinham antes administrado o Metropolitano de Lisboa (é quase a mesma coisa), os quais se puseram a alimentar um conflito com as únicas pessoas sem as quais um avião não pode voar: os pilotos.
O senhor comissário aqui há uns tempos descobriu uma maneira genial de "rentabilizar" a água da albufeira do Alqueva: utilizando-a para regar culturas que servissem para produzir etanol, etanol esse que seria utilizado como combustível para automóveis, reduzindo dramaticamente a nossa dependência externa. Deu como exemplo de uma dessas culturas a vinha. Ora acontece que a vinha nem sequer precisa de ser regada, a não ser em terras extremamente secas como o vale do Côa, mas isso é de momento irrelevante. O facto é que o vinho tem quando muito 16% de etanol (= álcool) e custa 1 euro por litro a produzir, aproximadamente. Destilando seis litros de vinho obtem-se portanto um litro de álcool puro, o qual fica então ao preço de produção de, aproximadamente, seis euros por litro. Ora, a gasolina custa a preços de mercado 35 cêntimos na produção (o resto que pagamos por ela são impostos). Pergunto, quem está interessado em pagar carburante para o seu carro a 6 euros por litro?
Alles klar, Herr Komissar?
Luís Lavoura
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