quarta-feira, março 17, 2004

Guantanamo II

texto

Para além das vítimas inocentes do terrorismo, não deveremos também esquecer eventuais vítimas inocentes do “combate ao terrorismo”. Dos prisioneiros de Guantanamo, uma vez que nunca foram julgados, não sabemos nada, excepto que estavam no local do crime. Tal como os soldados americanos que os prenderam.

Na semana passada chegaram ao Reino Unido três ex-prisioneiros de Guantanamo, cidadãos ingleses: Rasul, Ahmed, and Iqbal, o primeiro com 26 anos, os outros dois com 22. Os três são amigos de infância que nasceram e viveram em Tipton, cidade inglesa das Midlands, até Setembro de 2001, altura em que viajaram ao encontro da família da noiva que a família de Iqbal comprometera para ele em Faisalabad, no Paquistão; Ahmed seria o padrinho da boda, Rasul acompanhava-os.

Entretanto rebenta a confusão no Afganistão, e os três jovens (junto com muitos outros jovens paquistaneses) rumam ao país vizinho, alegadamente distribuindo víveres e medicamentos pelos aldeões paupérrimos. Se bem que muçulmanos, os três não só não são fundamentalistas, como praticam uma versão do Islão diferente da dos afegães. Mas, pior que tudo, não usavam barba, pelo que rapidamente são apontados pelos afegães e começam a ser perseguidos. Na fuga, vão directos... aos americanos, e são capturados por estes últimos! Depois de horrores inacreditáveis acabam em Guantanamo, onde ficam 2 anos e tal. Tanto quanto percebi, não há nenhuma acusação formal contra eles, nenhuma testemunha, não foram vistos a fazer nada de mal, não se lhes conhece nenhuma ligação perigosa...

mpf

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