Marcelo Barros*
“Está surgindo um novo parceiro nas relações internacionais que não pode mais ser ignorado: a sociedade civil”. Esta declaração de Kofi Annan, secretário-geral da ONU, torna-se mais verdadeira, quando, na Índia, de 16 a 21 de janeiro, estiveram mais de 150 mil pessoas, de todos os continentes, culturas e classes sociais, no 4o Fórum Social Mundial.
Desde que a sociedade civil internacional começou a realizar fóruns de cidadania no nível mundial, regional e também por temas, como os Fóruns Nacionais de Saúde, Educação e Meio ambiente, o cardeal Carlo Martini, ex-arcebispo de Milão, não diz mais o que declarou em 1999: “a humanidade encerra o século XX com uma enfermidade grave: a apatia social. É como se uma espécie de epidemia de despolitização e de desinteresse geral pelos destinos do mundo deixasse a condução da sociedade apenas com os políticos profissionais, nem sempre verdadeiramente consagrados ao bem comum”.
Bush e Blair desprezaram a decisão contrária da ONU, ignoraram as manifestações da maioria da humanidade pela paz e fizeram a guerra. Mas, pela primeira vez, líderes das grandes religiões do mundo uniram-se para protestar contra a guerra e se manifestar pela paz. Em diversas nações, um número maior de soldados negou-se a pegar em armas. No mundo inteiro, ficou claro: a paz não se improvisa. A sociedade tem de prepará-la por um trabalho cuidadoso de educação, nas escolas, nos meios de comunicação e em novas relações internacionais. O Fórum Social é um ensaio feliz destas novas relações, não entre Estados, mas entre cidadãos.
* Marcelo Barros é monge beneditino e autor de 26 livros, dos quais o mais recente é "O Espírito vem pelas Águas" (ed. Rede-Loyola, 2003). Endereço eletrónico: mostecum@cultura.com.br
Tirado daqui.
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