"Não gosto de prémios de Estado porque acredito - fui educado assim - que o artista é por natureza um traidor ao poder instituído."
Afirmou Jorge Silva Melo, ao ter recusado os 25 mil euros que o premiavam. É de Homem, não há dúvida. A coerência, levada a certos extremos, tem sempre uma beleza poética. A afirmação de independência do poder político, feita desta forma, ganha contornos de uma resistência inconformada à maneira como as coisas supostamente têm que ser.
O caminho seguido por este governo relativamente à cultura é no mínimo perverso. As estruturas mais antigas têm muito mais hipóteses de vir a ser contempladas pelos apoios do IA (segundo as novas regras estabelecidas pelo IA); estes prémios, atribuidos pelo Instituto das artes, são mediáticos e fazem do Estado um Pai estremoso e generoso, enquanto que no que interessa, as coisas estão atrasadíssimas, ficando os projectos de 2004 adiados lá mais para o fim do Verão. No caso dos Artistas Unidos de Jorge Silva Melo, continuam num espaço provisório há uma catrefada de tempo. Alguns ditos de Silva Melo:
"Não compete ao Estado distinguir uns em detrimento de outros"
"O artista desenvolve a sua actividade contra o Estado e, por isso, deve ser reconhecido por associações profissionais. O Estado não tem o direito de premiar passados."
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