Segundo o PÚBLICO de ontem, domingo, "o francês José Bové [foi] acolhido em braços [no Fórum Social Mundial em Mumbai] para defender que a agricultura seja retirada das negociações da Organização Mundial do Comércio" (OMC).
Ou seja, Bové assume uma posição diametralmente oposta àquela que Brasil, Índia e outros países do Terceiro Mundo tomaram no encontro da OMC em Cancún. Nesse encontro, recorde-se, esses países provocaram a ruptura das negociações ao exigirem intransigentemente a eliminação dos subsídios agrícolas praticados pelos EUA e UE, e a inclusão dos produtos agrícolas no âmbito do comércio livre.
É claro que para os agricultores franceses, que Bové ao fim e ao cabo representa, a inclusão da agricultura nas negociações da OMC é altamente indesejável. Os agricultores franceses querem continuar a ser subsidiados, a terem o mercado de toda a UE por sua conta, e ainda a poderem fazer "dumping" dos seus excedentes para países do Terceiro Mundo. Mas os interesses dos agricultores indianos e brasileiros certamente que não coincidem com os dos franceses.
Bové é aclamado no FSM por ter andado a partir vidros de lojas McDonald lá em França, e por dizer mal da OMC. Talvez fosse bom analisarem melhor as motivações com as quais ele partiu esses vidros, antes de o aclamarem. É que o protecionismo agrícola dos países ricos causa muitos danos à economia dos países pobres.
Luís Lavoura
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