Em França andam muito abespinhados com alunas de diversas escolas secundárias que insistem em aparecer na escola com um lenço a tapar-lhes os cabelos. Em França chamam a isso "véu islâmico". Na verdade não é nada de islâmico, é apenas um lenço de cabeça, parecido com aqueles que as camponesas portuguesas tradicionais usavam. Mas em França acham que usar um lenço a tapar os cabelos é islâmico. Usar outras formas de vestuário, por exemplo minissaia, ou aquelas camisolas muito curtas que as miúdas agora usam e que deixam o umbigo à mostra, isso é normal. Mas para os franceses usar um lenço a tapar os cabelos e umas vestes largas sobre o resto do corpo, está mal nas miúdas. Não estará mal, claro, se elas usarem umas calças tão fininhas que a gente por detrás possa ver qual o modelo de slip que está por baixo. Isso não está mal. Só o lenço sobre os cabelos. Porque as calças finas, as minissaias e as camisolas curtas são trajes normais, não islâmicos, não ofensivos, não provocantes, mas o lenço nos cabelos é islâmico, claramente provocante e ofensivo.
Vai daí, como o Estado francês (uma coisa muitíssimo importante em França, o Estado) é laico, e como as escolas estatais são portanto laicas também, vai de depreender que os alunos das escolas estatais também têm que ser laicos, e, como já está demonstrado que usar um lenço a tapar os cabelos não é laico, querem fazer uma lei especial que proíbe os lenços. E, já agora, para maior laicidade, proíbe todos os outros símbolos "religiosos" que os alunos queiram usar (sendo que, naturalmente, caberá ao sacrossanto Estado francês definir o que é religioso e o que deixa de ser). Assim, um aluno deixa de poder usar uma cruz gamada na mochila, outro não pode usar um marcador de livros com a fotografia do imperador do Japão, e, presume-se, qualquer estudante de uma universidade estatal francesa poderá ser obrigado a rapar a barba, se ao Estado francês lhe apetecer decretar que a barba é um símbolo judaico.
Até onde chegará a loucura persecutória estatal? Até onde chegará a falta de razão, o disparate?
Luís Lavoura
2 comentários:
Concordo com o estado frances. Faria o mesmo se os alunos chegassem todos com outras signos religiosos obvios. Tem que se por a decisao no contexto do integrismo da epoca (diferente de ser muculmano).
E' a decisao correta. Essas meninas podem usar o veu fora da escola e onde elas quiserem. Da mesma maneira, os alunos nao podem usar chapeus na sala da aula, ou nao deveriam (nao sei se professores toleram isso). As roupas sugestivas tambem deveriam ficar fora da escola (para mulheres ou homens). Para isso existem o regulamento interno a cada escola e o trabalho dos directores e professores. Na verdade, eu ate gostaria de ver uniformes na escola para todos. Para acabar com as marcas.
Outra coisa, se fosse um lenco na cabeca (como os das antigas camponesas) tambem proibiria na escola. Lenco ou chapeu. Todos os alunos deveriam estar sem nada na cabeca. Religioso ou nao.
As antigas camponesas tambem acreditavam que o lenco as faziam mais 'respeitaveis', nesse sentido e' parecido ao lenco islamico. Gostaria de saber donde vem essa tradicao do lenco em Portugal.
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