terça-feira, dezembro 09, 2003

Inverno na Beira...

Post roubado d'O sedentário, agradável surpresa desta Blogolândia sem limites, cujo autor trata as plantas por tu. Fiquem com as suas palavras, que confortam e aquecem a alma neste Inverno frio e chuvoso.

Vi o Inverno pela primeira vez. Aqui e ali, travestiu-se de azul. Mas não logrou enganar-me, tal a ira dos elementos. O Inverno - o Inverno verdadeiro - abraçou-me, gelado. No termómetro, o mercúrio ensaiava a greve a partir dos três graus. Foi o Inverno. Pela primeira vez.

Entretanto voltei. Fico é sempre com a sensação de que jamais regressei na íntegra, o que dificulta a readaptação. Deixei mais um pedaço do âmago algures no Açor, entre castanheiros vetustos e o tilintar dos chocalhos das cabras, que tragavam a giesta indiferentes às pingas geladas.

E o vento? Aqui, na cidade que dos frios conhece somente o da alma, não há vento - vento verdadeiro; vento do Inverno. O vento tratou-me das bochechas à moda beirã. De bofetada em bofetada, lá consegui assomar-me à porta de uma casa reconfortante, aquecida à força da torga no braseiro.

Depois veio o porco delicioso, a batata suculenta e o vinho "morangueiro", que sorvemos como se água fosse.

O sábado decorreu assim, embalado pelo silvo do vento agreste e a chuva oblíqua. A minha pequena tia, porém, transportou à cabeça um saco de batatas que me vergaria o lombo daí a pouco. Envergonhado, solicitei a fisioterapia às mãos maternas.

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