quarta-feira, novembro 26, 2003

Bush, Blair e a velhinha...

Numa crónica já antiga de 8 meses que publiquei na Net e que poucos devem ter lido, como é hábito, começava por contar uma historieta que agora repito, aumentando-lhe apenas uma personagem.

O Bruno era um rapazinho escuteiro, muito cioso do cumprimento dos deveres que assumira para com Deus e o Escutismo, entre os quais o de cumprir diariamente uma boa acção.

Mas naquele dia ainda não aparecera nenhuma oportunidade. A mãe não o mandara à mercearia fazer compras; o irmão não lhe pedira a bola emprestada; o pai não precisara que lhe fosse procurar os óculos; a vizinha não tivera necessidade que lhe levasse o cão ao passeio diário. Uma fatalidade!

O nosso escuteiro resolveu então dar uma volta e procurar o seu amigo Blasco, escuteiro também, a ver se arranjavam solução para o caso, mas o amigo estava com um problema semelhante.

Um tanto desanimados acabaram por sair e logo encontram junto ao passeio, parada, uma velhinha. Solução à vista! A velhinha queria atravessar a rua mas tinha medo do trânsito. Ajudá-la seria a boa acção do dia.

O Blasco ainda sugeriu que perguntassem se ela precisava de ajuda, mas o Bruno achava que não valia a pena. Era evidente e a boa acção não podia esperar.

Chegam-se à senhora, metem-lhe os braços e vá de a arrastar para o outro lado da rua.

A velha bem gritava e barafustava, mas uma boa acção resiste a todos os entraves.

Atravessaram a rua, deixaram-na no passeio oposto e na satisfação do dever cumprido nem repararam que a velhinha voltava a atravessar a rua e regressar ao local de origem, onde estava à espera de uma neta...

Há poucos dias vi e ouvi o snr. Bush e o seu acólito, snr. Blair, em Londres, onde o primeiro dizia com a anuência tácita do segundo “que se justificava o uso da força para impor a Democracia nos países onde não existisse”.

Foi assim que a América impusera a democracia no Chile com Pinochet e no Afeganistão com os talibans...

Agora é no Iraque, sem os Iraquianos, já que na Arábia dos príncipes e nos Emirados dos emires o petróleo substitui bem a democracia...

Na historieta dos escuteiros só a velhinha teve o incómodo de atravessar duas vezes a rua, mas na História que Bush está escrevendo começa a correr muito sangue americano e de tantas vítimas inocentes que o terrorismo, alimentado pela política americana no Médio Oriente, implacável e brutalmente vem ceifando.

Martins dos Santos

Sem comentários: