quinta-feira, outubro 23, 2003

O camarada Carrilho e o nosso amigo Lello

Não é que vá à bola com o intelectual filósofo, mas se calhar o homem está mesmo a actuar de acordo com o que lhe vai na alma; não é por se fazer parte de um partido que se é obrigado a não levantar a voz quando o partido vai mal (como defende o barnabé); mas se calhar não, o gajo é mas é um ganda de um sacana, que tá sempre à espera que a ferida esteja aberta para amandar lá pra dentro uma carcaça em putrefacção. Mais uma vez, o alternativo que há em mim faz-me sair da dicotomia esquerda-direita (ver o anarca), não me deixando cair nem num lado nem no outro desse enorme fosso. Entretanto, com o Lello a atacar o Carrilho (quem hóvera de ser?), inclino-me mais para o filósofo.
É que os alternativos não esquecem (somos mazé comós elefantes, pá); e claro, não perdemos uma oportunidade para estigmatizar o acréu...

Lello a propósito do FSP disse umas coisinhas fofas (palavras de Lello a linhas azuis, que ele tanto gosta):

Os mimos [com que José Lello nos presentiou] são mais elaborados, em maior número, e com montes de palavras novas para acrescentar ao dicionário do Word (obrigado, Lellito o justiceiro); como todo o artigo, completamente hermético e muitas vezes quase incompreensível (curiosamente, coincide com Helena de Matos em alguns termos, como linhas azuis e livres pensadores). Segundo o seu pensamento [José Lello], no FSP somos bem-aventurados, livre-pensadores (nesta parte, a coisa messiânico-liberal pretende ironizar), com um condicionamento da opinião subliminar, enroupado no discurso gongórico das liberdades e com uma retórica que resvala para o hiperbólico e o descabido e tem mais a ver com mau gosto e intemperança do que com a justa fruição da liberdade....

e por aí adiante, continua a destilar veneno, com algumas notas a realçar:
a emergência de grupelhos sem a mínima legitimidade democrática, selva de associações de utentes (andaste a ler o JMF, Lellito, seu malandro) das ligas, uniões e movimentos, depositários de insignificante representatividade democrática (...) desmerecendo o que é institucional, desacreditando o Estado, enxovalhando o sistema político e fazendo da incivilidade comportamental, da coreografia pós-moderna e do tartifismo Kitsch a sua imagem de marca.
E foram só 4 dias; imagina o que conseguíamos fazer se a cena durasse uma ano inteiro!!! Espero que a parte em que se refere à coreografia pós-moderna o homem se retracte; os criadores já estão a ser demasiadamente castigados este ano com os subsídios a vir só lá para Outubro para ainda por cima serem utilizados pelo Lello como adjectivo depreciativo aplicado ao FSP; o mais impressionante, é que tudo isto foi dito num parágrafo Saramaguiano de 84 palavras, sem respirar, intercaladas por 10 vírgulas salvadoras (é bem, Lellito, é bem; o homem está possesso; ninguém o pode parar). Relativamente à parte dos dirigentes, e dos financiamentos (que Lello diz desconhecer como são eleitos e donde vem o guito: de certeza que são más influências dos escritos do JPP), como todas as associações, os dirigentes são eleitos pelos seus associados e o dinheiro vem de n sítios, desde actividades à venda de lápis, passando pelas cotas dos associados, vale tudo; isto relativamente às associações. Relativamente às contas do FSP, elas são públicas: contacta o CIDAC para mais informações.

E p'ra rematar, o FSP pelos visto é um novo totalitarismo, instalado com criativas vestes progressistas, logo um sistema subliminarmente instalado se apressa a estigmatizar o acréu (o homem supera-se de parágrafo para parágrafo: como dizia o outro, tens que me dizer quem é que é o teu "diller”, Lellito). E mais à frente, passamos a ser grupúsculos periféricos, peritos em acintes de bolinha vermelha no topo do ecrã.

Pessoalmente prefiro grupúsculos a grupelhos; grupúsculos tem uma certa mística, assim como um véu que no fim da tarde vem trazer o crepúsculo; grupelhos é mesmo ofensivo, sem mistério nenhum, como fedelho ou joelho.

E p'ra sepultar já a coisa, o FSP é uma salsada sem coesão ideológica, nem desígnio claro para o futuro sustentado de Portugal, mas, apesar disso, mobiliza imprevisível capacidade para inibir opiniões daqueles que, considerando a existência de mais mundo para além disso, se não atrevem a exprimi-lo publicamente. Não é o meu caso.

Mais claro não podia ser. Depois deste artigo, as minhas dúvidas desvaneceram-se: o FSP teve um impacto do catano! Bora lá fazer o segundo, pessoal....Temos é que treinar melhor a nossa coreografia pós-moderna. As vestes podem ser as mesmas deste ano, alternativas.


PP, a 28 de Junho de 2003

PS - entretanto já há um relatório de contas (quase) aprovado do FSP. Quem vai ficar contente é o Lellito....
PS - a cena dos arquivos do BSP já começa a servir para alguma coisa. Os blogues são como os herbários e os elefantes: não esquecem....

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