terça-feira, outubro 28, 2003

Nota sexual - os pulgões

Os pulgões, ou afídios, só usam o sexo quando realmente necessitam; os malandros, na Primavera, não têm machos, sendo apenas fêmeas que originam constantemente cópias exactas delas (acho que se diz partenogénese, mas não tenho a certeza...), num processo que na Natureza corresponde à Virgem Maria e ao seu fruto concebido sem pecado. Entretanto, quando a coisa começa a dar para o torto e a fartura de comida começa finalmente a escassear (os pulgões são aqueles bichinhos que cobrem as plantinhas aos milhares, sugando a sua seiva com sofreguidão: autênticos vampiros vegetarianos), começam a aparecer alguns machos.

Mas porquê, fosga-se, se antes se estavam a safar tão bem numa sociedade 100% matriarcal? é que os clonezinhos, de tão perfeitos e iguaizinhos que são, não têm a diversidade suficiente para sobreviver ao imprevisível Outono; vai daí, arranjam uns machos, fazem umas recombinações com os genes deles (sim caros companheiros de infortunio, é a isso que se resume o nosso interesse: uma boa oportunidade de recombinar uns genes), cruzar os dedos, e esperar que entre os novos pulgões nascidos do pecado haja alguns bichinhos que tenham aquela característicazinha, aquela aptidão exacta para sobreviver ao Outono específico daquele ano (resistência ao frio, ao calor, à chuva, à seca, à fome, ao DDT, ter patas maiores para andar na neve, passar a ser carnívoro, sei lá). E na Primavera, as maqueavélicas pulgonas juntam os pulgões machos numa arena e obrigam-nos a lutar entre eles até à morte!! e depois comem-nos... são autenticamente machos descartáveis, ou machos para as ocasiões...

PP

PS - aquela parte da arena foi inventada; não faço puto ideia do destino dos machos, essa é que é essa. Lá que desaparecem, desaparecem. Ouvi dizer que os levam por um corredor muito escuro supostamente para encontrarem-se com uma pulgona super-sexi (mas muita bera) e depois perdem-nos....Há também quem diga que a coisa se dá num labirinto....

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