quarta-feira, setembro 10, 2003

Cancun aproxima-se

Apesar da grande animação e animosidade no FSP estar relacionada com a escolha dos oradores para o FSE (déja vue?), os 146 países reunidos em Cacun depertam muito mais o meu interesse; hoje de manhã (na TSF), o discurso que ouvi inquieta-me, entristece-me e revolta-me: "A Europa já fez todas as cedências que podia no seio da OMC; a Europa já deu tudo o que tinha a dar...." Será que estamos a falar da mesma Europa que desrespeita escandalosamente as leis do mercado ao subsidiar os seus produtos menos competitivos? será a mesma que dá 2 euros por dia a cada vaca? será também a mesma Europa que subsidia a exportação, deixando de rastos a economia Africana (baseada essencialmente na Agicultura)?
Enquanto não virmos o mundo como uma ilha, onde todos têm direito às mais elementares regalias - alimentação, saúde, bem-estar, trabalho, habitação - arriscamo-nos a cometer os mesmos erros subtis que os nosso amigos da Ilha da Páscoa. A carta das Nações Unidas deveria ser a carta de princípios da OMC; já seria um bom começo.
E pensar que uma das poucas coisas que preocupa a delegação Portuguesa é o Vinho do Porto ter âmbito regional (que por acaso até acho bem, mas...) ...
Já estou a ver os cabeçalhos do New York Times e do Guardian amanhã, em letras garrafais:
"Vinho do Porto origina início de conflito armado entre Portugal e África do Sul" ou
"Durão Barroso pede ajuda a Bush para libertar o Chile por causa do Vinho do Porto" ou
"Vinho do Porto mata a fome a milhões de crianças na África sub-sariana" ou ainda
"Foi encontrada cura contra a SIDA no princípio activo do Vinho do Porto; África do Sul pede autorização à OMC para fazer genéricos de Vinho do Porto".

Assim o nosso Vinho do Porto teria o destaque que merece, e as preocupações nacionais seriam legítimas, não ridículas....

PP

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