quarta-feira, agosto 13, 2003

A OMC em Montreal

Ontem, fomos diabolizados por
JMF aqui;

JMF diz:

"Um triunfo dos países pobres em Cancun - pouco provável, infelizmente - obrigaria a Europa e os Estados Unidos a negociarem a revisão das suas escandalosas políticas proteccionistas. Por isso, todos os que se preocupam por uma globalização mais justa, deveriam preocupar-se com o êxito da cimeira de Cancun e procurar que a OMC, onde os conflitos são dirimidos, saia de lá mais forte."

"O problema é que, para defender uma globalização alternativa é preciso apoiar, e não atacar, as poucas instâncias de regulação e negociação existentes - como a OMC. Só que, face à OMC, eles estão contra. São "anti-OMC". Está-lhes mesmo na massa do sangue, pois ser "anti" é muito mais sexy que ser "alter". "

Quem utiliza manobras manipulativas estilo "big brother", é o próprio JMF. O problema não é a OMC, mas sim esta OMC; o problemas são todas as perversidades da globalização, e não a globalização em si. Na questão dos proteccionismos até estou de acordo com o JMF (como se pode ver pelos posts); mas será que ele tem coragem de defender estas ideias? ou será que este argumento é apenas utilizado como arma de arremesso contra os Fora sociais? Gostava de ver JMF a defender em editorial uma OMC justa, que não protegesse os interesses dos países mais ricos e de uma quantas empresas em prejuízo de milhões de pessoas a viver na mais extrema pobresa; Orewliano é a propósito da OMC atacar "um outro mundo possível" e não denunciar frontalmente a gritante injustiça do modelo de comércio imposto pelos mais ricos aos mais pobres. Mas tenho a certeza que a coerência de JMF só servem para atacar e nunca para fomentar um debate urgente sobre os protecionismos dos países ricos...... É que o liberalismo só é aplicado quando interessa aos poderosos.

Da parte que me toca, já aqui denunciei as políticas protecionistas da Europa e dos EUA em posts anteriores (6 de Julho, 22 de Julho, 7 e 8 de Agosto); transcrevo a de 22 de Julho, por achar pertinente:

Já agora, um bocadinho de sangue.....

"Uma das principais motivações para participar no FSP é a visão global que podemos ter dos problemas mundiais, Europeus ou Nacionais. Por isso, o lema dos Fora sociais é “um outro mundo é possível”. Neste contexto, e no seguimento do que já aqui disse acerca da Política Agrícola Comum faz-me confusão que todos os partidos, incluindo os que mais activamente participaram no FSP, o PS, o BE e o PCP, defendam mais quotas e mais subsídios e mais etc. etc. etc. Sabendo que esta PAC é profundamente injusta para os países vizinhos da Europa, sabendo que esta PAC é também injusta na Europa e que uma pequena fatia do bolo chegava para manter a maior parte dos agricultores num possível período de transição, porque é que todos os partidos defendem mais quotas? A reforma da PAC deveria ser total, mantendo o essencial para que tenhamos um desenvolvimento sustentado, apostando naquilo em que cada país é diferente (nós no vinho, no azeite, na pêra rocha, na ameixa de Elvas, em alguns queijos, no porco preto e na vaca mertolenga e barrosã, na cortiça e outros produtos da floresta, talvez no linho; nunca na beterraba sacarina, no algodão, no milho ou no trigo, pleeeassse!) e reconvertendo uma parte importante do bolo da PAC para outras áreas possíveis de política comum, como a educação, a investigação, a cultura, o emprego, a saúde, as prestações sociais etc. Desmultiplicando o dinheiro de todos nós em campos de acção que não afectem negativamente os países à volta da Europa e melhorando efectivamente a vida dos Europeus, na esperança de um dia nivelar países como Portugal com o resto dos países Europeus. Porque é que o BE e o PCP querem ainda mais quotas e alinham nesta PAC? Porque é que não têm uma proposta alternativa mais radical? Porque é que o PS só se preocupa com as quotas de leite e de beterraba? Será que não têm consciência que o proteccionismo Europeu ( e Americano) está a condenar à morte e à pobreza milhares e milhares de pessoas por esse mundo fora? Onde é que está a coerência de defender um outro mundo possível e na assembleia da república defender um dos mecanismos que mais promove as desigualdades no mundo? Fico à espera de respostas, na esperança de me iluminarem os neurónios (ainda estou para ver se o Ulisses ainda diz que obedecemos ao PCP ou ao BE). Fica o desafio para tentarem justificar as respectivas posições."

PP

PS - por muito que te desagrade, Zé Mané, hei-de continuar a encher a boca com "um outro mundo possível".....

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