A nota botânica VII
A nota do PP é de grande utilidade para uma melhor compreensão do que está em causa quando se discute o problema dos incêndios no nosso país. Mas do meu ponto de vista ela faz sobretudo sentido quando aliada às preocupações relacionadas com a prevenção, referidas no post anterior.
O drama, a desgraça, a calamidade (ou que quiserem chamar-lhe) de quem viu a sua terra, ou seu quintal ou a sua casa a arder, não se resume à sua dimensão ecológica, nem sequer só ao problema económico. Do meu ponto de vista o desastre, neste caso do fogo, na medida em que afecta de modo mais brutal e irreversível aqueles que menos têm (como sempre aliás!), levanta uma questão ética crucial, fundadora de uma certa concepção de sociedade.
As populações do interior, como se sabe, não ardem sazonalmente somente no fogo dos incêndios estivais, ardem também no fogo da desertificação, do analfabetismo e da ignorância, da pobreza material alimentada pela distância crescente aos centros de decisão política, aos cuidados de saúde, etc. ...
Por isso quando estas populações são vítimas de uma calamidade com as proporções que esta adquiriu, tal circunstância, como cidadão, incomoda-me para lá das consequências materiais e/ou ecológicas do facto em si. É que se joga aqui um princípio basilar de solidariedade com os mais fracos e desprotegidos, que deve orientar as visões de sociedade alternativas ao capitalismo neoliberal dos nossos dias.
FMR
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