Nota zoológica II - a coevolução
Ophrys apifera, Photo d' Olivier Penard
Há um género de orquídeas por todo o Mediterrâneo que solucionou o seu problema reprodutivo de uma forma muito engenhosa; o género, de seu nome "Ophrys", imita as fémeas de certos insectos, que ao serem enganados pelas manhas da flor, tentam copular selvaticamente com ela. Desta batalha infrutífera (para o insecto), resulta a polinização da orquídea. Mas para que a coisa fique completa, o macho tem que ser enganado uma segunda vez, e repetir a mesma cena espalhafatosa numa segunda flor. Como é possível? bem, a flor engana o macho do insecto com três truques honestos e uma manha desonesta.
3 tristes truques - O padrão da atraente fêmea é reproduzido na perfeição; os pelos da fêmea estão também na flor; a flor liberta o mesmo cheiro (ferormonas) que a fêmea. "Por lo tanto", o macho pensa que viu uma fêmea, sentiu-lhe o pelo e chegou mesmo a cheirá-la. Mas mesmo assim, ser enganado duas vezes, não é um bocado exagerado? será que o macho não aprendeu a distinguir uma verdadeira fêmea de uma imitação? pois aí é que está a manha desonesta: é que o macho quando encontra a flor nunca viu antes uma fêmea, já que estas só eclodem mais tarde. Esta é que é a suprema manha que faz deste estratagema um dos mais curiosos e mais bem conseguidos da natureza: o gajo nunca viu uma garina, pelo que a flor é a coisa mais atraente que ele viu até aquele momento. Outra possibilidade é que os machos destes insectos tenham perfeita consciência do que estão a fazer mas não resistam ao sex-apeal destas bonecas de borracha do mundo natural......
PP
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