quarta-feira, julho 02, 2003

Lello e o crítico

Depois do artigo de Lello no Expresso, os adjectivos críticos (a criticar) e tracejados (a defender) já não nos surpreendem. Tamos completamente imunizados. Nada como sermos responsáveis (segundo Lello, que estava a falar mesmo a sério) por um condicionamento da opinião subliminar, enroupado no discurso gongórico das liberdades e com uma retórica que resvala para o hiperbólico e o descabido e além disso, nós andamos para aqui enxovalhando o sistema político e fazendo da incivilidade comportamental, da coreografia pós-moderna e do tartifismo Kitsch a sua imagem de marca. Mas gosto mesmo é de sermos para Lello um novo totalitarismo, instalado com criativas vestes progressistas, logo um sistema subliminarmente instalado se apressa a estigmatizar o acréu. Depois disto, crítico, tá-se mesmo a ver que o paradigma que sai do FSP , sendo uma mito-poética do nacionalismo, desconstruindo assim toda a recorrência exalada de uma imagética puramente ficcionada ou encontrarmos no FSP exemplos de uma discriminação subliminar subjacente ao discurso hermenêutico e contextualizante de uma ética gongórico recursiva aparentando um descomprometimento linguístico mas não semântico, numa lógica em que a sageza não transparece, antes sim uma longa abordagem desaxiomática do concreto! nem sequer comichão faz: ele é mais umas cocegazinhas atrás da orelha. Para além disso nem sequer nos chamaste de grupelho ou mesmo grupúsculo (que prefiro ao *elho, como já aqui disse), o que nos coloca um problema de identidade transcendental, apenas ultrapassado pelo nossa incrível má vontade face à democracia representativa, sem sequer termos um desígnio claro para o futuro sustentado de Portugal. Este Lello é inspirador, carago. Pois é, desculpa lá ó crítico, o Lellito já nos vacinou, obrigado. Se não, crítico, as tuas palavras tinham-se alojado no mais profundo das nossas almas, corrompendo a partir daí todas as nossas utopias, e o tal mundo antes possível, passaria para o panteão das ideologias extintas.

E crítico musical, parafraseando os Telectu, lembra-te que a música é mimética, já que Mimese é imitação, representação, simulação, mas também inter-relação de isomorfismos. A mimese é a simulação de elementos de comunicação esquematizados e catalogados. Na natureza a mimese é estruturação e simplificação de informações proxémicas. A mimese na psicanálise de Jung é Imago, protótipo inconsciente, sobrevivência imaginária, esquema adequerido, um cliché. Na semiologia a obra aberta é a comunicação estética como função sugestiva e referencial, como tal, mimesis; mas também a sua negação um isomorfismo ritualístico já que mimetiza ritmos exteriores aos critérios de tempo musical. A sinfonia 73, dita "a caça", de Haydn é uma mimese musical venatória. O "voo do moscardo" é um simulacro musical etológico. O mágico-ritual é, em música, representado por isomorfismos codificáveis. A Música contemporânea improvisada consiste numa discursividade mímica de músicas escritas, superadas pela negação destas mesmas. Nas músicas Audio-tácteis, orais, como a africana ou o jazz, a aprendizagem é imitativa. Pois é crítico, a música é bués mimética....

PP

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