terça-feira, julho 08, 2003

HELENA MATOS NÃO É, SEGURAMENTE, UMA VÍTIMA

Helena Matos, em artigo recente do Público, clarifica duma vez por todas a sua visão sobre os homossexuais e a homossexualidade: os homossexuais não são vítimas, são antes ex-discriminados; e a homossexualidade é uma questão do foro privado.
O assédio verbal de que são vítimas o homossexual, como por exemplo as piadas, é igualzinho ao de que são vítimas os alentejanos, ou as louras...
E afirma ainda que não interessa saber se um político é ou não homossexual.

Helena Matos não é vítima porque vive na maior cidade portuguesa e circula em meios onde ser homossexual não é crime, nem doença, "apenas" não se comenta.

Helena Matos não é vítima porque namorou publicamente quem quis namorar publicamente, e contratou pública e legalmente as relações familiares que entendeu contratar, e por tê-lo feito não perdeu relações familiares anteriores.

Helena Matos não é vítima porque, se foi gozada por ser loura, ou alentejana, a essas características não vinha associado um estigma social, o de ser homossexual, que para muita gente fora da grande cidade e dos grupos sociais onde circula Helena Matos, é um estigma de doença, de desvio, de crime, de pecado (dentro dos grupos sociais de Helena de Matos é "apenas" um estigma de silêncio e invisibilidade).

Helena Matos não é vítima porque nunca teve nenhum ministro a querer reduzir os privilégios dos heterossexuais face aos homossexuais, ou seja, nunca se deparou com o problema da discordância entre as declarações políticas e a acção individual.

Helena de Matos não é vítima porque escreve no Público. E quando a AACS coagiu o Público a publicar uma resposta da Opus Gay a Helena de Matos, o Público, mesmo coagido, a publicou de forma graficamente muito menos relevante, sem o grafismo individualizado de coluna de opinião, e sem indicar que se tratava de uma coacção da AACS, contrariando impunemente tudo o que a lei obriga.

Helena de Matos não é vítima porque repetiu impunemente, após a citada deliberação da AACS, as mesmas afirmações inverídicas que tinha feito anteriormente contra as associações homossexuais, não tendo a queixa de desobediência pública contra ela e o Director do jornal, junto da AACS, obtido qualquer resposta.

Helena de Matos não é vítima porque, pelos vistos, não tem de temer qualquer censura sobre si. E porque contribui, ela própria, para a produção de um meio de comunicação que, ele sim, censura, invisibiliza e silencia, tanto quanto pode, as suas vítimas homossexuais, nomeadamente ao retirar-lhes o seu estatuto de vítimas... e de sobreviventes - orgulhosos sobreviventes, sobreviventes emocionais, sociais, cívicos e políticos.

Opus Gay





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