segunda-feira, junho 30, 2003

QUESTÕES DE PARIS-LISBOA PARA AS ONG´S

1- A primeira das questões tem a ver com a presença de ONG´s portuguesas no F S Europeu em Paris, em Novembro. Ela parece-me importante, e não pode ficar reservada aos que habitualmente lá podem ir, para encontro de consensos, com, ou sem aspas, com os seus compagnons de route.
Vão ser tratadas questões, que se vão reflectir em Portugal mais tarde, e é bom que estejamos lá, para pensarmos nelas enquanto é tempo. Por exemplo, a questão do post guerra (no Iraque), e questões europeias, tais como a referência da herança do Cristianismo no Preâmbulo da Constituição Europeia, para a qual o Papa acaba de fazer um forte apelo, agora que a Itália vai presidir aos destinos Europeus. Depois, a questão da operacionalidade das decisões a tomar entre os 25 Estados, ou da sua representatividade, e até do referendum que vai ser proposto aos países.
Mas, no meu entender, devemos pensar nelas enquanto movimento social, e, não enquanto partidos, que têm também interesse em pensar essas questões, porém, com outras motivações, que não estão em causa, mas não são, neste caso, as nossas motivações.

2- Segunda questão: onde vai desaguar esse caudal formidável do"movimento dos movimentos" Europeu, que se espera se reúna em Paris ?
Desagua nas próximas eleições parlamentares europeias? Desagua num próximo Partido Europeu , que ainda não foi parido, por causa de alguns aparentes desentendimentos entre Roma e Paris, acerca da sua liderança? Ou deve desaguar numa consciência critica e cultural mais profunda, que vá pondo em causa as práticas formais partidárias, uma fechada construção europeia, e simultaneamente, as práticas de alguns organismos supranacionais FMI, OMC, BM , e que são os mentores das políticas neo-liberais, e que nem sequer são eleitos pelos povos?
Gostarão as pessoas de ver as suas perspectivas deglutidas por um novo Partido, seja qual for o mérito que tiver, e até é capaz de ter, quando esperam e desejam outras práticas, e outras políticas, e não novos partidos? Não estará como pano de fundo de algumas das discussões que se vão travar, este desiderato político imediato?

3- Neste momento, o post-forum social português, que se tornou mais mediático que o forum, pelas críticas redutoras a que deu origem, levou-me a pensar, sobretudo, nas declarações do Forum Social Mundial-Porto Alegre, e menos na Declaração de Coimbra, que permitiu que acontecesse, entre outras coisas, este inesperado digladiar, como pano de fundo , entre duas estruturas partidárias importantes, presentes no forum, tendo como público as ONG`s.
Uma proposta que começa a ser aflorada é a de se aceitarem algumas "afinidades electivas" entre movimento social e partidos, porque ambos teriam a ganhar com isso. Mas a aceitar-se tal modus vivendi ele teria, desde logo, e à partida, de ser mais favorável, às ONG´s, do que aos Partidos.

Creio que seria bom começarmos a discutir estas coisas entre todos, e entre outras, ou, pelos menos, entre os interessados, para não andarmos num comboio apressado de plenários, a aprovar , nomes de cidades, datas e agendas de reuniões, em que vão ser aprovadas algumas conclusões mal "trabalhadas", que depois podem dar origens a novas derrapagens.

AS

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