ATAQUES DISSIMULADOS DA CML AOS LGBT - 3 em 1
1º - MARCHA DO ORGULHO
João Soares via a Marcha do Orgulho como a semente duma Love Parade, excelente para o turismo, e sobretudo por isso, a apoiava. Nunca proferiu nela ou a seu propósito qualquer declaração, preferindo apoiar o Arraial festeiro, por ser mês de S.António,onde se lia uma declaração envergonhada, e o público acorria alegremente para o pão e circo.
Entretanto, a Marcha do Orgulho que se iniciou como alternativa democrática e política ao Arraial nunca quis seguir esse modelo das Love Parades, e a CML de Santana tenta hoje outra estratégia: apagá-la por comparação com esta Love parade a quem se concedem meios e facilidades.
A tentativa da CML de colar à Marcha, para a descolorir, esvaziar de sentido e empobrecer, um evento, aliás, em toda a Europa muito gay, como a Love Parade, não vai resultar. A Marcha do orgulho, como acontece em todos os países livres, continuará a crescer como lugar de festa, sim, mas também como lugar de contestação, inquietação e desafio. Como lugar/evento político. Como afirmação da visibilidade e dignidade homo, com a grande aliança e apoio crescente de tod@s os heterossexuais que nao são sexistas, e do movimento social e sindical.
A Marcha do Orgulho tem a poesia e a força das utopias políticas que virão. Não é comparável ao divertimento consumista e "pr'a turista ver" da Love Parade, por muito divertida, populista e tecno que seja, e nunca seguirá exclusivamente esse modelo.
2º - 7º ARRAIAL PRIDE
A Câmara Municipal de Lisboa discriminou subtilmente os lgbt ao EXCLUÍ-LOS, progressiva e paulatinamente, DO CENTRO DA CIDADE.
Um festejo que se iniciou no Princípe Real, festejou-se depois na Praça do Município, uma das praças mais dignas da cidade; entretanto, com Santana Lopes, que afirmou em resposta na campanha eleitoral, que via a questão dos homossexuais "com naturalidade", é empurrado para os jardins da Torre de Belém, já algo periférico e com transpostes públicos reduzidos, e finalmente, este ano, realiza-se no Parque do Calhau (Monsanto), lugar tão periférico, tão desconhecido e inacessível, que a associação promotora e as associações lgbt aliadas tiveram de se desmultiplicar em dezenas de imagens, croquis, flyers e esquemas para explicarem às pessoas como lá chegar.
Já no ano anterior Santana tentou que a festa não se realizasse, "com naturalidade", arrastando a decisão de apoio infra-estrutural da CML até ao último momento. O impasse só teve solução com o protesto conjunto de todas as associações lgbt junto dos media.
Nessa ocasião, o anterior Presidente da ILGA Portugal, José Manuel Fernandes, parecendo ter aprendido a lição, prometeu que a organização do Pride seria aberta às associações que o desejassem, exigência de longa data da Opus Gay, por entender que a Festa Pride do 28 de Junho de uma dada cidade, principalmente capital como Lisboa, deve ser organizada em conjunto pelas organizações lgbt dessa cidade, conjuntamente com outras parcerias.
A Opus Gay não estará presente no Pride deste ano porque a actual Direcção da ILGA Portugal entendeu, de forma consciente, deliberada e intencional, não cumprir essa promessa, e depois, porque a Opus Gay nao pactua com esta política de marginalização,em troca do negócio. Talvez por isso, os empreendedores, por se encontrarem sozinhos, não tenham tido poder negocial para evitar o AFASTAMENTO DO PRIDE DA CIDADE DE LISBOA, em detrimento da nossa imagem e do necessário e pedagógico convívio democrático e respeitador entre todos.
3º - FESTIVAL DE CINEMA
A terceira peça desta estratégia de invisibilizaçao dos glbt pela CML é o Festival de Cinema Gay e Lésbico de Lisboa. A CML ofereceu apenas a infra-estrutura do Fórum Lisboa, não subsidiando o Festival com a verba habitual. Isto leva a que o Festival decorra de forma muito mais sumária, na FNAC e em Institutos de línguas com quem tem parcerias.
Consideramos que tal situação de desprezo pela diversidade cultural, e pela cultura, deveria ter sido anunciada há muito mais tempo, para que a Direcção do Festival pudesse concorrer a outros apoios, dado o interesse que este suscita.
Por outro lado, e isto é que é grave, a CML, EM VEZ DE FAZER UMA POLÍTICA ACTIVA CONTRA A DISCRIMINAÇÃO, como é obrigação dos poderes públicos, e consta já do património da União Europeia, apoiando decisivamente este Festival, talvez o melhor e mais interessante da Europa, OPTA MAIS UMA VEZ POR SE DEMITIR SUBTILMENTE, deixando que a discriminação avance paulatinamente.
Três processos num só: tornar crescente a invisibilidade dos lgbt, o que facilitará, depois, a discriminação.
Não pactuaremos com isto!
A DIRECÇÃO DA OPUS GAY
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